24 de novembro de 2011

Um ensaio sobre as relações sociais na Universidade

A busca por sucesso profissional e por uma realização pessoal é assunto que encharca o plano histórico contemporâneo, qual está contextualizado no cenário capitalista que promove o individualismo, a especialização e a excelência. E a Universidade possui um papel muito importante para que esses fatores se concretizem, uma vez sendo fonte de ensino e capacitação nesse mesmo plano. Mas essa busca por objetivos pessoais perpassa a idéia da realização individual e se tornar objeto de um plano muito mais abrangente, o plano social.

Durkheim caracteriza como um fato social condutas que são exteriores ao indivíduo e que exercem uma força sobre o mesmo, ou seja, maneiras de pensar e agir que são exteriores e estão no plano social. Nessa idéia o fato de querer entrar em uma Universidade para se tornar um profissional em uma área não seria de preocupação social, uma vez que vem como desejo de concretizar uma realização pessoal, mas quando olhamos para a Universidade, sendo ela pública, nos deparamos com uma problemática de interesse social, assumindo que a educação é um direito de todos. Estamos então diante de um fato social que se ratifica todos os anos com a entrada e saída de pessoas nas Universidades brasileiras.

Essa proposta social de que a educação é um direito de todos se constrói, nas Universidades brasileiras, sob uma idéia de mérito que se caracteriza e toma forma nos vestibulares, onde todos concorrem a um número limitado de vagas e os que tirarem as melhores notas entram. Diante disso podemos perceber quão grande objeto de estudo social esse fato se torna, uma vez que se remete ao darwinismo social de Spencer onde o mais forte sobrevive. Ora, a sociedade vem de um plano militar e se desenrola gigantescamente em um plano industrial, buscando nesse sentido um progresso fundamentado em uma ordem moral, ou seja, em leis e regras que exortam e moldam as sociedades, aproximando um indivíduo do outro, portanto a problemática social do ensino está latente, uma vez que o darwinismo social é de muito agrado e favorece a burguesia. Como compreender que a educação é um direito de todos e conceber a idéia de que isso realmente acontece, quando vemos uma pessoa que estudou em escola pública, que carece de ensino comprometido, disputar a mesma vaga com uma pessoa que estudou em escola particular e fez cursinho?

Tomando por base que os estudos sociais possuem como objeto os fatos sociais e apoiados pela biologia que prova que a raça humana é monotípica nos resta preocuparmos com o humano em geral, seja ele classificado, de forma desnecessária em tempos modernos, como branco, negro, mestiço. Portanto se encontramos uma grande maioria fora das Universidades que possuem baixa renda, fator social e não biológico, é necessário uma ação social para a inserção desses mesmos nas Universidades, tendo assim o real direito à educação, seja por meio de cotas, instrução para um comprometimento desses ou uma revolução no ensino público.

Durkheim também fala da divisão do trabalho, onde, em função dessa busca pelo progresso e da instrumentalização da razão como fator articulador, a força industrializadora atingiu a ciência, ramificando-a em diferentes áreas, com seus estudos, métodos, preocupações e objetivos. Essa divisão do trabalho potencializa a idéia de progresso e se desloca mais ainda do horizonte dogmático e conformista da idade média, mas só pode subsistir através de uma solidariedade mútua que se dá na ordem moral, no respeito do direito. E nesse desenrolar complexo da modernidade industrial um fator afeta suas engrenagens, um fator patológico denominado anomia, a perda de atuação consciente de um indivíduo na sociedade, qual segue à mercê, à deriva nas relações que assolam o plano social.

Portanto o entendimento social de uma Universidade em seu papel educacional, em seu papel de formadora de formadores de opiniões sociais, é de extrema importância e, por mais comum que seja a presença desses fatos sociais, ainda permanecem intrínsecos sob o véu das ações rotineiras.

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