14 de novembro de 2013

E a vida seu zé, como anda?

    O que é, pois, a vida? Quando nos inclinamos a pensar sobre essa problemática a ideia que nos é evocada pela razão é comumente a ideia que temos sobre a nossa própria vida. Desse modo vida parece então constituir um certo sentido para nós, pois remete às nossas sensações e experiências mais íntimas que perpassam pela nossa própria existência. Mas a partir da relação com o outro creio que você, assim como eu, já tenha percebido que existem “outras vidas”. Vidas daqueles que conhecemos e, e assim como eu e você, possuem sensações e experiências em suas próprias existências, e que se constroem claramente de modos diversos e singulares.
    Eis que então seja possível que nos aconteça de surgir um novo questionamento: e a Vida em si, digo, não aquilo que percebo dela ou o que você percebe dela, mas sim o que ela é por si só? Teria a Vida um sentido? Um sentido nela mesmo, independente da minha visão sobre ela? E sucede, então, que chegamos a uma problemática extremamente complexa!
    Se analisarmos de modo estritamente racional provavelmente observaremos que tal Vida não tenha sentido algum. Ela em si parece não ser racional, nem bondosa, ou com planos definidos para nós, nem para ela. Mas como um turbilhão de acontecimentos ela parece se desenrolar fortuitamente, sem qualquer interesse próprio, sem planos ou lógica alguma. Tal visão provavelmente te angustie nesse momento, assim como angustiou milhares de homens no decorrer da história da humanidade. Mas ora, cá estamos nela: seres humanos que vivem suas vidas dentro de uma Vida maior, procurando constantemente sentido para ela. E quando desnaturalizamos o nosso olhar e passamos a ver esse caos com outros olhos percebemos então o leque de possibilidade que essa Vida apresenta para nós.
    Ela permanece virgem, pronta para ser descoberta a cada momento! E em sua virgindade ela se revela para nós única e irrevivível. Possui em si as potencialidades que estão ansiosas para serem descobertas pela nossa capacidade criadora e, então, transformá-las em ato, em realidade. Permanece gratuita, sem distinção, sem juízos de bom ou mal, aflorando em si possibilidades que se apresentam a nós para serem contempladas e, mais do que isso, vividas.
    Compreender essa condição da vida é sair da experiência angustiante com a falta de sentido, com o caótico plano da nossa existência, e adentrar em um novo horizonte da Vida e da existência: a capacidade criadora de despertar as potencialidades e experiência-las em nós e na relação com o outro. A virgindade da vida que permanece constante e que outrora nos pareceu causa de angústia agora se revela a nós como possibilidade de imprimir sentido à existência. Sua falta de sentido é o que nos chama a criar tal sentido. A criação é a arte da existência. É aquela que nos torna realmente vivos. E o sentindo da vida? Ora, crie-o! Eis o nosso inferno. Eis também a beleza da Vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário